Os conceitos de Idade Moderna

A Idade Moderna é um período da história que se estende aproximadamente do século XV ao século XVIII. É caracterizada por um conjunto de mudanças significativas em termos de política, economia, sociedade, ciência, tecnologia e cultura.

Na política, o período foi marcado pelo surgimento de novos Estados nacionais e pelo desenvolvimento do sistema de monarquias absolutas. Na economia, houve uma transição do feudalismo para o capitalismo, com o crescimento do comércio e das manufaturas.

Na sociedade, ocorreram mudanças significativas, como a ascensão da burguesia, a formação de uma classe média urbana e o início da luta pela igualdade social e de direitos. Na ciência e na tecnologia, surgiram importantes descobertas e avanços, como a teoria heliocêntrica de Copérnico, o desenvolvimento da imprensa, a invenção do telescópio e a criação do método científico.

A cultura também passou por profundas transformações, com a valorização da razão, da ciência e da arte, e a emergência de um novo humanismo que buscava a compreensão da natureza humana e a liberdade individual.

Entre os principais acontecimentos da Idade Moderna estão as primeiras grandes navegações, o Renascimento, a Reforma religiosa, o Absolutismo, o Iluminismo e a Revolução Francesa.

Foi nesse período que se estruturou o sistema mercantilista e os monopólios comerciais, que possibilitaram a expansão marítima europeia, reestabelecendo os alicerces econômicos da Europa.

O Absolutismo, fundamentado na teoria da predestinação divina, foi a forma de governo estabelecida na época, mas o poder dos monarcas europeus começou a ruir com as várias revoluções liberais que culminaram com a Revolução Francesa.

A sociedade também sofreu transformações significativas e avanços tecnológicos possibilitaram a globalização iniciada na Idade Moderna, como as Grandes Navegações e o advento das máquinas a vapor.

O período ficou marcado pelo ápice do espírito investigativo dos cientistas e filósofos iluministas, que criaram muitas teorias sociais e científicas.

Primeiras Grandes Navegações

As Primeiras Grandes Navegações foram um período de intensas explorações marítimas iniciadas no final do século XV pelos países europeus, principalmente Portugal e Espanha, com o objetivo de encontrar novas rotas comerciais para o Oriente e também para descobrir novas terras e expandir seus impérios coloniais.

Os navegadores portugueses, liderados por Vasco da Gama, conseguiram alcançar a Índia contornando o Cabo da Boa Esperança em 1498, abrindo uma nova rota comercial que proporcionou grandes lucros à coroa portuguesa e impulsionou a expansão do império lusitano.

Já Cristóvão Colombo, navegando com o apoio da coroa espanhola, descobriu a América em 1492, iniciando a colonização do Novo Mundo pelos europeus. Outros navegadores espanhóis, como Fernão de Magalhães, realizaram a primeira circunavegação do globo terrestre em 1519-1522.

As Grandes Navegações também tiveram um impacto significativo na geografia, na cartografia e na ciência, pois os navegadores europeus precisavam de conhecimentos mais precisos sobre ventos, correntes e estrelas para navegar em mares desconhecidos. Isso levou ao desenvolvimento de novos instrumentos de navegação, como o astrolábio e a bússola.

No entanto, as Grandes Navegações também tiveram consequências negativas, como o genocídio e a escravização de povos nativos, a destruição de culturas locais e a exploração desenfreada de recursos naturais. Além disso, as disputas territoriais e comerciais entre as potências europeias acabaram levando a conflitos e guerras que perduraram por séculos.

O Renascimento da Idade Moderna

O Renascimento foi um movimento cultural e artístico que surgiu na Europa durante os séculos XIV, XV e XVI. Ele marcou a transição da Idade Média para a Idade Moderna e foi caracterizado por uma renovada apreciação da cultura clássica, uma ênfase na razão e na observação empírica, e uma ênfase no indivíduo como um ser criativo e capaz.

O Renascimento teve origem na Itália e se espalhou por toda a Europa, influenciando as artes, a literatura, a filosofia, a ciência e a política. Os artistas renascentistas buscaram reviver os ideais estéticos da arte clássica greco-romana, explorando a perspectiva, o realismo e o uso da luz e sombra para criar imagens que parecessem tridimensionais.

A ciência também foi profundamente influenciada pelo Renascimento, com uma nova ênfase na observação empírica e no método científico. O filósofo italiano Giordano Bruno, por exemplo, propôs a ideia de que o universo era infinito e que existiam muitos outros mundos como o nosso, ideia que mais tarde influenciaria a astronomia moderna.

Além disso, o Renascimento foi marcado por um crescente interesse no humanismo, ou seja, uma valorização do indivíduo e de suas habilidades criativas. Os humanistas renascentistas acreditavam que a educação deveria ser ampla e abrangente, enfatizando tanto as habilidades práticas quanto as acadêmicas, e que os indivíduos deveriam ter liberdade para buscar suas próprias paixões e interesses.

Em suma, o Renascimento foi um período importante de mudança cultural e intelectual que marcou a transição da Idade Média para a Idade Moderna e influenciou significativamente o desenvolvimento posterior da arte, da ciência e da filosofia.

A Reforma Religiosa na idade moderna

A Reforma Religiosa, também conhecida como Reforma Protestante, foi um movimento religioso iniciado no século XVI na Europa Ocidental, liderado por Martinho Lutero, que tinha como objetivo reformar a Igreja Católica Romana. A Reforma foi uma das grandes transformações da idade moderna e desencadeou uma série de mudanças políticas, sociais e religiosas na Europa.

A Reforma teve origem na insatisfação com a Igreja Católica Romana e suas práticas religiosas e financeiras. Lutero, um monge alemão, criticou a venda de indulgências pela Igreja, que oferecia a remissão dos pecados mediante o pagamento de uma quantia em dinheiro. Lutero também questionou a autoridade do Papa e a importância dos sacramentos, além de defender a ideia de que a salvação era alcançada pela fé em Jesus Cristo, e não por obras ou rituais religiosos.

As ideias de Lutero ganharam rapidamente adeptos na Alemanha e em outros países europeus, dando origem a uma série de novas igrejas protestantes, como a Luterana, a Calvinista e a Anglicana. Essas igrejas reformadas rejeitavam muitos dos ensinamentos da Igreja Católica, como a veneração de imagens, a adoração dos santos e a hierarquia clerical, e buscavam uma relação mais direta entre o indivíduo e Deus.

A Reforma teve impacto não apenas na religião, mas também na política e na sociedade. A divisão religiosa criou conflitos entre católicos e protestantes, que levaram a guerras e perseguições religiosas. A Reforma também incentivou a disseminação da educação e da leitura, uma vez que os protestantes defendiam o acesso direto às Escrituras. Além disso, a Reforma contribuiu para a emergência de um novo sistema econômico, o capitalismo, uma vez que os valores protestantes enfatizavam a ética do trabalho e do lucro.

Em resumo, a Reforma Religiosa foi um movimento importante da idade moderna que transformou profundamente a religião, a política e a sociedade europeias, e cujo legado pode ser sentido até os dias de hoje.

O Absolutismo

O Absolutismo foi um sistema político que surgiu na Europa durante a Idade Moderna (séculos XVI a XVIII). Ele se caracterizou pela centralização do poder nas mãos do monarca, que era considerado a autoridade máxima do Estado e exercia controle absoluto sobre todos os aspectos da vida política, social e econômica do país.

O Absolutismo se consolidou como um modelo político após a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), que marcou o fim do feudalismo e o surgimento dos Estados modernos. Ele se baseou na ideia de que o poder do Estado deveria ser concentrado nas mãos de um único governante, que deveria ser apoiado por uma burocracia forte e eficiente.

Durante o Absolutismo, os monarcas europeus estabeleceram uma série de políticas e instituições que lhes permitiram controlar a vida de seus súditos. Eles criaram exércitos permanentes, controlaram o comércio e a indústria, criaram leis e tribunais, e promoveram a centralização administrativa. Além disso, eles também exerceram forte controle sobre a cultura e as artes, utilizando a propaganda para promover a sua imagem e a sua autoridade.

Os monarcas absolutistas eram considerados como governantes divinos, com direito divino de governar. Eles acreditavam que haviam sido escolhidos por Deus para governar o país e que, portanto, não estavam sujeitos às leis ou à vontade do povo. Essa ideia de direito divino foi muito contestada, e eventualmente levou a uma série de revoluções e movimentos democráticos na Europa e em outras partes do mundo.

Apesar de suas muitas críticas, o Absolutismo teve um papel importante na formação do Estado moderno e na consolidação do poder dos monarcas europeus. Ele também influenciou muitos dos sistemas políticos que surgiram posteriormente, como o autoritarismo, o totalitarismo e o fascismo.

O Iluminismo

O Iluminismo foi um movimento intelectual que surgiu na Europa durante a Idade Moderna, nos séculos XVII e XVIII. Ele se caracterizou pelo uso da razão e do conhecimento científico como fontes de progresso e desenvolvimento social.

Os iluministas acreditavam que a razão poderia ser usada para melhorar a sociedade e combater a ignorância e a superstição. Eles defendiam a liberdade individual, o respeito aos direitos humanos, a igualdade perante a lei, a tolerância religiosa e a separação entre Estado e Igreja.

Entre os principais pensadores do Iluminismo estão Voltaire, Jean-Jacques Rousseau, Montesquieu, Adam Smith e Immanuel Kant. Eles produziram uma vasta literatura que incluía ensaios, livros, artigos e tratados filosóficos que propunham reformas políticas, sociais e econômicas.

O Iluminismo teve um grande impacto na política, na filosofia, na ciência e nas artes. Ele inspirou as revoluções liberais que ocorreram na América do Norte e na Europa, e influenciou a criação das primeiras constituições democráticas. Além disso, o movimento também estimulou a pesquisa científica e a inovação tecnológica, que tiveram um impacto significativo no desenvolvimento da sociedade moderna.

Apesar de suas muitas realizações, o Iluminismo também foi criticado por ser elitista e eurocêntrico, e por não levar em consideração a diversidade cultural e social das sociedades em que atuava. No entanto, seu legado continua a influenciar o pensamento e a cultura ocidental até os dias de hoje.