O período do Regime Militar no Brasil teve início em 1964 e durou até 1985. Foi um período de intensa repressão política, censura, tortura e violações dos direitos humanos.
O golpe militar ocorreu em 31 de março de 1964, quando as forças armadas brasileiras, com o apoio de setores da sociedade civil, depuseram o presidente João Goulart. A partir desse momento, os militares assumiram o poder e estabeleceram um regime autoritário, com a suspensão das garantias constitucionais e a instalação de um sistema de repressão política.
Durante o regime militar, o país passou por uma série de mudanças políticas, econômicas e sociais. O governo militar implementou políticas de desenvolvimento econômico que visavam a modernização do país, mas que também geraram desigualdades sociais e impactos ambientais.
O regime militar também foi marcado por uma forte repressão política. A censura foi imposta em diversos setores da sociedade, incluindo a imprensa, as artes e a educação. O Estado brasileiro também criou órgãos de repressão, como o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) e o Centro de Operações de Defesa Interna (CODI), que perseguiram e prenderam milhares de opositores políticos.
O país foi governado por uma série de generais, incluindo Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo. O governo implementou uma série de medidas econômicas e políticas, incluindo o Milagre Econômico e a Lei de Segurança Nacional.
Além disso, durante o regime militar, foram praticadas diversas violações dos direitos humanos, incluindo tortura, execuções extrajudiciais e desaparecimentos forçados de opositores políticos.
O regime militar só chegou ao fim em 1985, com a eleição indireta de Tancredo Neves para a presidência da República. Seu vice-presidente, José Sarney, assumiu o cargo após a morte de Tancredo Neves, em abril de 1985, e deu início a um processo de redemocratização do país.
Durante a Ditadura Militar no Brasil (1964-1985), vários militares estiveram no poder, incluindo:
- Castelo Branco (1964-1967)
- Costa e Silva (1967-1969)
- Junta Militar (1969-1974) – composta pelos generais Aurélio de Lira Tavares, Márcio de Sousa e Melo e Augusto Rademaker
- Geisel (1974-1979)
- Figueiredo (1979-1985)
Além desses líderes, houve vários outros militares que ocuparam cargos importantes durante a ditadura, incluindo ministros e membros do Conselho de Segurança Nacional.
Obras realizadas no período do Regime Militar
Durante o período da Ditadura Militar no Brasil (1964-1985), várias obras e construções foram realizadas em todo o país, muitas delas com o objetivo de promover o desenvolvimento econômico e a modernização do país. Algumas das principais obras e construções realizadas durante esse período incluem:
- Ponte Rio-Niterói: inaugurada em 1974, a ponte liga a cidade do Rio de Janeiro à cidade de Niterói, no estado do Rio de Janeiro.
- Usina Hidrelétrica de Itaipu: construída na fronteira entre o Brasil e o Paraguai, a usina hidrelétrica foi inaugurada em 1984 e é uma das maiores do mundo em termos de geração de energia elétrica.
- Transamazônica: estrada construída na década de 1970 que liga a cidade de Lábrea, no Amazonas, à cidade de Itaituba, no Pará, com o objetivo de integrar a região amazônica ao restante do país.
- Metrô de São Paulo: inaugurado em 1974, o metrô de São Paulo é um dos principais sistemas de transporte público da cidade e foi uma importante obra de infraestrutura realizada durante a ditadura.
- Rodovia dos Imigrantes: inaugurada em 1974, a rodovia liga a cidade de São Paulo à cidade de Santos, no litoral paulista, e foi uma importante obra de infraestrutura para o desenvolvimento econômico da região.
- Ponte Estaiada Octávio Frias de Oliveira: inaugurada em 2008, a ponte é um dos principais marcos arquitetônicos da cidade de São Paulo e foi construída durante o período democrático, mas teve seu projeto iniciado na década de 70.
Relados no Regime Militar
- A Censura: a imprensa e a cultura em geral foram duramente censuradas durante o período da Ditadura Militar. Filmes, livros, músicas e peças teatrais que não estivessem de acordo com os ideais do regime eram proibidos ou sofriam cortes.
- A Guerrilha do Araguaia: no final da década de 1960 e início da década de 1970, um grupo de guerrilheiros comunistas se estabeleceu na região do Araguaia, no norte do Brasil, com o objetivo de iniciar uma revolução. O conflito resultou em muitas mortes e desaparecimentos, e até hoje muitas famílias não sabem o paradeiro de seus entes queridos que desapareceram durante a guerrilha.
- A “Dama da Liberdade”: uma mulher desconhecida, vestida de branco, que se colocou em frente aos tanques militares que avançavam na Praça da Sé, em São Paulo, durante a manifestação pelas Diretas Já em 1984. A imagem icônica ficou conhecida como a “Dama da Liberdade” e se tornou um símbolo da luta pela democracia no Brasil.
- A Seleção Brasileira de Futebol: a seleção brasileira de futebol foi utilizada como propaganda política durante o período da Ditadura Militar. A equipe foi convocada para uma série de amistosos contra países com regimes ditatoriais, como a União Soviética, e foi instruída a não falar sobre política ou protestar durante os jogos.
A queda do Presidente João Goulart
O regime militar depôs o presidente João Goulart, que era visto como uma ameaça pelos setores conservadores da sociedade brasileira e pelas Forças Armadas.
Foi liderado pelos militares, que alegaram que o país estava à beira de uma guerra civil e que era preciso tomar medidas para evitar o comunismo. Na época, havia uma forte polarização política no Brasil, com a esquerda defendendo a reforma agrária, a nacionalização de empresas e outras medidas de cunho social, e a direita defendendo a manutenção do status quo e a preservação dos valores tradicionais.
Após a intervenção militar, o país viveu um período de autoritarismo e repressão política, com a suspensão das liberdades civis, a censura da imprensa e a perseguição de opositores políticos. O regime militar durou até 1985, quando o país passou por um processo de transição democrática e realizou eleições diretas para presidente.
As causas do regime militar no Brasil são complexas e envolvem diversos fatores, como a polarização política, o medo do comunismo, a crise econômica e a pressão dos Estados Unidos, que via a América Latina como um campo de batalha na Guerra Fria.
Presidente João Goulart
João Goulart foi um político brasileiro que ocupou a presidência da República entre 1961 e 1964, período conhecido como a “República Populista”. Ele foi o último presidente antes do regime militar de 1964 que instaurou uma ditadura no Brasil.
Goulart, também conhecido como Jango, era visto como um político de esquerda, com propostas reformistas que buscavam melhorar as condições de vida dos trabalhadores e combater as desigualdades sociais. Durante seu mandato, ele implementou medidas como o reajuste do salário mínimo, a nacionalização do petróleo e a reforma agrária, o que desagradou os setores mais conservadores da sociedade brasileira.
O golpe foi justificado pelos militares como uma medida para “salvar” o país da ameaça comunista, mas muitos estudiosos argumentam que ele foi uma tentativa dos setores mais conservadores de manter o poder e impedir as reformas propostas por Jango.
Jango exilou-se no Uruguai, onde permaneceu até 1976, quando faleceu em circunstâncias ainda hoje não totalmente esclarecidas. Ele é lembrado como um líder populista e reformista, que enfrentou forte oposição dos setores mais conservadores da sociedade brasileira e que teve seu mandato interrompido pelo golpe militar.
Levante da esquerda antes do regime militar
Antes do regime militar no Brasil, houve um movimento de levante da esquerda que buscava implementar reformas sociais e políticas no país. Esse movimento teve origem na década de 1950, com a fundação do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e a criação de sindicatos e movimentos sociais que lutavam pelos direitos dos trabalhadores e pela justiça social.
Na década de 1960, a luta por reformas sociais e políticas se intensificou, com a ascensão de líderes populares como João Goulart, que defendia reformas como a reforma agrária e a nacionalização de empresas estrangeiras. No entanto, essas propostas enfrentaram forte oposição dos setores mais conservadores da sociedade brasileira, que viam nelas uma ameaça aos seus interesses.
O levante da esquerda culminou em um momento de tensão política e social que levou ao golpe militar de 1964, que depôs João Goulart e instaurou uma ditadura no Brasil. Durante a ditadura, a esquerda foi duramente reprimida, com a prisão, tortura e morte de muitos de seus líderes e militantes.
Algumas das principais organizações de esquerda que atuavam no Brasil na época eram o Partido Comunista Brasileiro (PCB), a Aliança Libertadora Nacional (ALN), a Ação Libertadora Nacional (ALN), o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) e a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), entre outras.
Essas organizações defendiam a luta armada como forma de enfrentar o regime político autoritário que se consolidava no país e de promover mudanças sociais profundas. Alguns desses grupos foram responsáveis por ações armadas, como assaltos a bancos e sequestros, que tinham como objetivo obter recursos financeiros e chamar a atenção para suas demandas políticas.
A polarização política entre a esquerda e a direita já existia e gerava debates acalorados. Os conservadores, que representavam a direita política, tinham uma visão crítica e muitas vezes agressiva em relação à esquerda, que defendia uma série de mudanças sociais e políticas no país.
Os conservadores argumentavam que a esquerda tinha uma visão utópica e que suas propostas eram perigosas para a ordem social e a economia do país. Eles temiam que as reformas propostas pela esquerda, como a reforma agrária, a nacionalização de empresas e a distribuição de renda, pudessem levar ao caos e à destruição do sistema econômico capitalista.
Além disso, os conservadores muitas vezes associavam a esquerda a movimentos revolucionários e ao comunismo, que eram considerados uma ameaça à democracia e à liberdade individual. Eles argumentavam que a esquerda usava táticas antidemocráticas para alcançar seus objetivos, como a manipulação da opinião pública e o uso da violência.
Essa visão negativa da esquerda pelos conservadores se intensificou à medida que a polarização política aumentava e os conflitos sociais se agravavam. A instabilidade política, econômica e social que se seguiu ao golpe militar de 1964 foi, em parte, uma consequência desse confronto entre a esquerda e a direita, que acabou levando ao surgimento de um regime autoritário que durou mais de duas décadas.